pesos

rafaela frança
2 min readOct 26, 2022

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o peso sutil de ser quem tanto sente em um espaço onde mal cabe o que já sinto

onde o desequilíbrio faz-se presente feito corda bamba no meu peito-aberto. sem saber qual o próximo passo a dar, sem querer desandar o que já existe em mim. é feito jogo de pega-varetas sem mover o que pode se balançar. e cair. e deixar de existir.

carrego dentro da bolsa os anos vazios que vivi sem perceber — nem tinha noção do tanto de estrada que ainda teria que andar. e tanta gente que ainda ia aparecer. e quantas dores eu iria sentir nesses anos passageiros.

se eu soubesse, ficaria?

é meio cômico pensar nos dias atrás que são acumulados de outros anos que voam, passam e a gente nem vê. nem se dá conta de que a conta não tem fim. e ainda tem tanto pra conhecer.

volto a lembrar as novas vidas que são todos os dias da minha vida. e cada novo roteiro que faz-se novo onde a protagonista da minha vida é ela. ela. ela, somente ela. e aí no lembrar dela que tudo se transforma em paz dentro de mim. àquela dor já tão adormecida só existe para eu poder tê-la em mim. sem ter um fim.

(a nossa história é a única coisa que me faz esquecer que vivemos em um caos. ela que me disse que tudo se finaliza, em algum ponto, em algum dia, algum momento. mas com ela, sinto que o infinito existe).

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