gosto do gosto das coisas secretas — do gozo escondido no meio das pernas

da mãos maliciosas subindo descendo descobrindo abrindo conhecendo rasgando a roupa a pele com os dentes deixando sair o instinto animal que existe escondido em uma caixa fechada que ninguém nunca ousa abrir e de lá descobre o que é gemer o que é o prazer a física e a química de dois corpos mansos e crus se despindo de tudo que é terreno e que sufoco pensar em ti nas tuas nádegas na tua pele branca na tua cor vermelha na tua saliva na tua saia pensar em desvendar teus mistérios tua rebeldia tua indecência e reafirmar a tua vontade de ser toda minha

do jeito escondido que ninguém descobre do quarto fechado das luzes apagadas do silêncio das bocas tapadas do riso engasgado da voz entalada da vontade incansável de usar esse corpo de fachada

é sobre gostar de meninas mulheres rosadas fortes dengosas macias e suaves em tempos de liquidez onde tudo que eu penso é em tê-la sempre dentro de mim fundo tão fundo tão fundo que faz as voltas dos teus dedos amaciando a minha existência compassiva